sábado, 6 de abril de 2013

Cigarro



  Cigarro

         Abro os olhos e a lua me encara, com cara de quem faz uma repreensão a um amigo, cara redonda de queijo, uma luz ofuscante, venta frio e minha mão escorrega do peito e cai na água da piscina em que se encontra no meu lado direito. Noite quente de fevereiro, mais um gole, porém nada parece mais legal depois do vinho,  na verdade, estou mais triste, ao som grunge olhando o céu com a Mao na água suja, a música pareceu eterna. Resoando morta do vigésimo segundo andar; O ponto vermelho que piscava em cima do prédio parecia dançar aos meus olhos turvos. A fumaça presa no ar, o vento tem cheiro de mar. Eram meia-noite quando decidir que nada tinha feito sentido até aquele momento. Me sento e com a mão ainda molhada dou minha segunda tragada, olhos turvos e gosto de menta, vinho e fumaça. Fumaça exasperada, para a lua que observava. Menos uma garrafa de cerveja e uma taça de vinho, entra quente e sai frio. A fumaça branca subindo e sumindo parecia ilusão, até outra alma arrancá-lo de minhas mãos. Não o culpo pois do mesmo mal compartilhamos o mal do coração. Era tanto peso no ar, coisa que nunca dizemos escorrendo pelo rosto. Voltei a deitar, parada de olhos fechados sentindo o cheiro do mar e tabaco queimado, em um segundo penso em milhões de coisas enquanto escutava "I know someboday you have beautiful life , you know you be a star", abri os olhos para enxergar outras estrelas, e ao invés disso haviam pássaros migrando e nuvens negras. Porque diabos? E porque sempre Black? Maldição
            Enquanto a musica me matava, os pássaros se foram. Achei sensato fazer o mesmo, enquanto a ultima gota acida do vinho percorria minha garganta o gato se exibia andando no parapeito gradil da piscina, um  convite para uma linda queda de 22 andares e um terraço com piscina, e eu nem soube se a pobre bola havia sobrevivido, imagine o gato. Durante 05minutos e 38 segundos ninguém ousou interromper a melancolia coletiva, apesar de não esperada. Cinco eternos minutos. Todo o trajeto de volta resoava em "tururu tutururu..." "Oh, the love gone bad turned my word to black, tatooed all I see, all that I am, all I be" Enquanto e estrada corria contra o tempo no canto inferior da janela do ônibus. Sabia que no momento em que minha mão tocou a água e que a boca encontrou um escape era tarde demais, literalmente. Eu havia me perdido a tanto, e talvez nunca me encontre, mas apesar de tudo, sinto-me mais...
            Eu.

                                                                                                   - Lorraine Luns -

Imaginary Tragedies




            Hoje penso em todas as tragédias imaginarias que me libertaram, e não posso deixar de pensar que um dia assim como meus problemas virarei fumaça que o vento leva. Talvez, não seja tão ruim, quer dizer, a vida útil da fumaça de cigarro não dura muito, nem da tempo de sofrer. Quem sofre é o pulmão que a deixa livre. E meu deus como queria um agora, ver a fumaça tomar forma, acho que não é vicio mas deus, ainda sim como queria. Não me sinto feliz com ele, apenas menos triste e pouco mais melancólica, penso em chuva e café, o que seria uma bonita combinação, café, chuva e cigarro. E um luxo publicado para manter meu estilo escritor desempregado barbudo e viciado que um dia cometerá suicídio. Queria morrer igual o Constantine só para constar. Pulsos cortados e fumaça. Daria uma bela pintura quem sabe. Oh meu deus, acho que sou suicida :O  . Hum... Não me importo. Só quero um maldito cigarro. Acho que vou morrer. Tanto faz. Maldito gosto amargo que me fez te provar. Já nem ligo muito se me viciar, já não é algo que realmente queira mudar, e quem sabe é esse o motivo de gostar disso.

                                                                                                              - Lorraine Luns -