Cigarro
Abro os olhos e a lua me encara, com cara de quem faz uma repreensão
a um amigo, cara redonda de queijo, uma luz ofuscante, venta frio e minha mão
escorrega do peito e cai na água da piscina em que se encontra no meu lado
direito. Noite quente de fevereiro, mais um gole, porém nada parece mais legal
depois do vinho, na verdade, estou mais
triste, ao som grunge olhando o céu com a Mao na água suja, a música pareceu
eterna. Resoando morta do vigésimo segundo andar; O ponto vermelho que piscava
em cima do prédio parecia dançar aos meus olhos turvos. A fumaça presa no ar, o
vento tem cheiro de mar. Eram meia-noite quando decidir que nada tinha feito
sentido até aquele momento. Me sento e com a mão ainda molhada dou minha
segunda tragada, olhos turvos e gosto de menta, vinho e fumaça. Fumaça
exasperada, para a lua que observava. Menos uma garrafa de cerveja e uma taça
de vinho, entra quente e sai frio. A fumaça branca subindo e sumindo parecia
ilusão, até outra alma arrancá-lo de minhas mãos. Não o culpo pois do mesmo mal
compartilhamos o mal do coração. Era tanto peso no ar, coisa que nunca dizemos
escorrendo pelo rosto. Voltei a deitar, parada de olhos fechados sentindo o
cheiro do mar e tabaco queimado, em um segundo penso em milhões de coisas
enquanto escutava "I know someboday you have beautiful life , you know you
be a star", abri os olhos para enxergar outras estrelas, e ao invés disso
haviam pássaros migrando e nuvens negras. Porque diabos? E porque sempre Black?
Maldição
Enquanto a musica
me matava, os pássaros se foram. Achei sensato fazer o mesmo, enquanto a
ultima gota acida do vinho percorria minha garganta o gato se exibia andando no
parapeito gradil da piscina, um convite
para uma linda queda de 22 andares e um terraço com piscina, e eu nem soube se
a pobre bola havia sobrevivido, imagine o gato. Durante 05minutos e 38 segundos
ninguém ousou interromper a melancolia coletiva, apesar de não esperada. Cinco
eternos minutos. Todo o trajeto de volta resoava em "tururu
tutururu..." "Oh, the love gone bad turned
my word to black, tatooed all I see, all that I am, all I be" Enquanto e
estrada corria contra o tempo no canto inferior da janela do ônibus. Sabia que
no momento em que minha mão tocou a água e que a boca encontrou um escape era
tarde demais, literalmente. Eu havia me perdido a tanto, e talvez nunca me
encontre, mas apesar de tudo, sinto-me mais...
Eu.
- Lorraine Luns
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